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domingo, 3 de julho de 2011

Da família medieval à família moderna

As famílias na idade média se diferenciam muito das famílias modernas, principalmente no que se refere às atitudes em relação às suas crianças. Essas eram mantidas em casa até os 7 ou 9 anos, a partir daí, eram entregues a outra família, na condição de aprendizes, para realizarem serviços domésticos ou outras tarefas pesadas.

Independente da classe social das famílias, todas enviavam suas crianças para as casas alheias, enquanto recebiam em suas casas crianças vindas de outras famílias.
“Era através do serviço doméstico que o mestre transmitia a uma criança, não seu filho, mas ao filho de outro homem, a bagagem de conhecimentos, a experiência prática e o valor humano que pudesse possuir.”

Dessa forma, a criança, desde muito cedo escapava à sua família, mesmo que voltasse depois de um tempo, o que nem sempre ocorria. Essa forma de organização não permitia que as famílias alimentassem o sentimento profundo de apego que conhecemos atualmente nas relações entre pais e filho.

Nesse contexto, a família era uma realidade mais moral e social, e menos sentimental. Para as famílias pobres, o sentimento praticamente não existia e para as famílias ricas, o sentimento era mais voltado pelo reconhecimento e manutenção da linhagem, prosperidade do patrimônio e honra do nome.

A partir do século XV, com a apropriação da educação das crianças pela escola, surge uma mudança na organização familiar.

“Essa evolução correspondeu a uma necessidade nova de rigor moral da parte dos educadores, a uma preocupação de isolar a juventude do mundo sujo dos adultos para mantê-la na inocência primitiva, a um desenho de treiná-la para melhor resistir às tentações dos adultos. Mas ela correspondeu também a uma preocupação dos pais de vigiar seus filhos mais de perto, de ficar mais perto deles e de não abandoná-los mais.”

Apesar da necessidade da criança se afastar dos pais desde cedo para freqüentar uma escola distante, esse afastamento não possuía o mesmo caráter e a mesma duração da época em que ia viver com outra família na condição de aprendiz.

Essa volta da criança ao lar é responsável pela configuração familiar do fim do século XVII. Ela era um elemento fundamental na vida cotidiana e os adultos se preocupavam com sua educação, carreira e futuro.

Essa evolução da família medieval para a família moderna ocorreu mais visivelmente para as famílias mais ricas, pois, ainda no século XIX, grande parte da população ainda vivia como na idade média, com as crianças afastadas dos pais.

A instituição família que passou ser reconhecida no final da Idade Média tinha como fundamento a fidelidade de seu grupo. Essa instituição era maior em número de filhos e tinha, além de outras responsabilidades, a missão de educar e proteger seus integrantes. Hoje em dia as famílias são menores, com até três, em sua maioria e seus laços estão mais frágeis, possíveis de ser desfeitos em função dos interesses individuais de seus membros.


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