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domingo, 3 de julho de 2011

Da família medieval à família moderna

As famílias na idade média se diferenciam muito das famílias modernas, principalmente no que se refere às atitudes em relação às suas crianças. Essas eram mantidas em casa até os 7 ou 9 anos, a partir daí, eram entregues a outra família, na condição de aprendizes, para realizarem serviços domésticos ou outras tarefas pesadas.

Independente da classe social das famílias, todas enviavam suas crianças para as casas alheias, enquanto recebiam em suas casas crianças vindas de outras famílias.
“Era através do serviço doméstico que o mestre transmitia a uma criança, não seu filho, mas ao filho de outro homem, a bagagem de conhecimentos, a experiência prática e o valor humano que pudesse possuir.”

Dessa forma, a criança, desde muito cedo escapava à sua família, mesmo que voltasse depois de um tempo, o que nem sempre ocorria. Essa forma de organização não permitia que as famílias alimentassem o sentimento profundo de apego que conhecemos atualmente nas relações entre pais e filho.

Nesse contexto, a família era uma realidade mais moral e social, e menos sentimental. Para as famílias pobres, o sentimento praticamente não existia e para as famílias ricas, o sentimento era mais voltado pelo reconhecimento e manutenção da linhagem, prosperidade do patrimônio e honra do nome.

A partir do século XV, com a apropriação da educação das crianças pela escola, surge uma mudança na organização familiar.

“Essa evolução correspondeu a uma necessidade nova de rigor moral da parte dos educadores, a uma preocupação de isolar a juventude do mundo sujo dos adultos para mantê-la na inocência primitiva, a um desenho de treiná-la para melhor resistir às tentações dos adultos. Mas ela correspondeu também a uma preocupação dos pais de vigiar seus filhos mais de perto, de ficar mais perto deles e de não abandoná-los mais.”

Apesar da necessidade da criança se afastar dos pais desde cedo para freqüentar uma escola distante, esse afastamento não possuía o mesmo caráter e a mesma duração da época em que ia viver com outra família na condição de aprendiz.

Essa volta da criança ao lar é responsável pela configuração familiar do fim do século XVII. Ela era um elemento fundamental na vida cotidiana e os adultos se preocupavam com sua educação, carreira e futuro.

Essa evolução da família medieval para a família moderna ocorreu mais visivelmente para as famílias mais ricas, pois, ainda no século XIX, grande parte da população ainda vivia como na idade média, com as crianças afastadas dos pais.

A instituição família que passou ser reconhecida no final da Idade Média tinha como fundamento a fidelidade de seu grupo. Essa instituição era maior em número de filhos e tinha, além de outras responsabilidades, a missão de educar e proteger seus integrantes. Hoje em dia as famílias são menores, com até três, em sua maioria e seus laços estão mais frágeis, possíveis de ser desfeitos em função dos interesses individuais de seus membros.


Família - Philippe Auís

            As iconografias sobre a família somente surgiram nos séculos XVI e XVII. Isso porque no período que transcorreu a Idade Média, os artistas representavam lugares públicos relacionados a atos religiosos, como igrejas. As imagens medievais faziam parte substancialmente do ar livre.
            Ou seja, até o século XV as cenas de interior eram tão raras quanto à concepção de família. As pessoas normalmente eram representadas sozinhas ou em grupos que nada tinham de relação com sua genealogia. Mas a vida privada, distinta desse período, começa a envolver a pintura e a gravura ocidentais no século XVI, ganhando mais força no século seguinte. Foi realmente impressionante a quantidade de imagens que nasceram sobre a família.
            Este inicio de fervor, deu-se com a evolução do que acontecia ainda no século XV. Os doadores das igrejas posavam sozinhos em sinal de devoção. Aos poucos, já no século subseqüente, foram trazendo mulheres/ esposos, filhos, membros vivos ou/e mortos. A partir daí, concomitantemente, a força dos santos padroeiros, protetores da família, e anjos da guarda também ganhou sua importância e destaque. Mas, apesar deste cunho religioso, a iconografia de desligou da sua anterior função religiosa completamente. Quando a remetia, era somente um quadro ou imagem divina atrás das pessoas.
            As pinturas e gravuras da família, antes destinadas à igreja, agora adornavam os interiores particulares. Passaram a ser retratadas numa cena viva e em certos momentos de sua vida quotidiana. A família é colocada no mesmo nível que Deus e o Rei, tamanha a relevância que se concretizou.

As imagens da família 2

Este texto trata de uma relação entre uma iconografia profana, do final do século XV, da Idade Média e no inicio do século XVI ao XVIII, na Idade Moderna. A pesquisa tem como finalidade descrever e analisar o desenvolvimento do sentimento de família e como este foi aparecendo e se instaurando na sociedade nestas épocas.

Nesta pesquisa constatou-se que não houve uma distinção severa entre a iconografia profana e a iconografia religiosa medieval. Segundo o autor, o tema dos ofícios foi a principal representação da vida cotidiana na Idade Média. O que fez o autor concluir que durante muito tempo o ofício, e não a família, teve a principal atividade na vida das pessoas. Essas atividades associavam-se ao culto funerário e a concepção erudita do mundo medieval-visto nos calendários das catedrais.

Foi salientado que as representações mais populares do ofício o ligavam ao tema das estações e também ao tema das idades da vida. De acordo com o texto, a iconografia tradicional da Idade Média “dos 12 meses do ano” foi fixada no século XII, encontrada em Saint-Denis, em Paris, em Senlis, em Chartres, em Amiens, em Reims: os trabalhos e os dias. Essa iconografia possibilitou que se percebessem as representações dos trabalhos da terra, as pausas do inverno e da primavera, tanto nas representações dos trabalhos dos camponeses como dos nobres.

Então, essa iconografia evoluiu, pois passou a representar a família, “ao longo dos livros de horas até o século XVI “. Segundo o autor, quanto mais se avança no tempo durante o século XVI, mais frequentemente a família do senhor de terra é representada entre os camponeses. E, ao mesmo tempo, a rua também surge nos calendários. O autor, nesse sentido faz, durante o texto, uma relação das representações da família (casa) e da rua. 

A partir do século XVI, começaram a aparecer representações de meses e de anos com uma modificação, pois foi acrescentado mulheres, grupo de vizinhos e principalmente os companheiros e as crianças. Esta modificação já representava a idade Moderna, o autor afirma que “ao longo do século XVI, a iconografia dos meses se tornaria uma iconografia da família”.  Portanto, surgiu uma nova idéia que simbolizou a duração da vida através da hierarquia familiar. As “idades da vida” passaram a ser representadas dentro de uma família. Foi quando as representações de momentos e datas familiares, por exemplo, casamento, nascimento etc. foram para os calendários, cada mês representava uma atividade relacionada à família: agosto- era o mês da colheita; outubro- a refeição em família; novembro- o pai está velho e doente; dezembro- a morte do pai- nesse calendário da segunda metade do século XVI, no museu Saint-Raimond, em Toulouse. Portanto, esse calendário citado pelo autor demonstrou um sentimento novo que surgia: o sentimento de família.

Resumindo, o tema da família, na iconografia dos meses, não foi uma exceção. Toda a iconografia sofreu uma evolução nos séculos XVI e XVII. Disposição que deslocou a iconografia da Idade Média, basicamente ao ar livre, para a representação da família em sua intimidade, no interior, na vida privada. 

Pode-se concluir que por meio da iconografia verificou-se o surgimento de um sentimento novo, o sentimento de família. Esse sentimento foi sustentado e reforçado não apenas bíblicas, mas por influências semíticas e romanas. Caracterizado em seu nascimento, por estar ligado à religiosidade leiga e ligado ao sentimento da infância, se afastando cada vez mais do caráter de honra, reputação e ambição ligados ao sentimento de linhagem medieval.

As imagens da família

Vamos estudar como se representava a família desde a Idade Média, isso seria o estudo Iconográfico, tendo a definição de iconografia, segundo o dicionário Aurélio, como a descrição e estudo das imagens ou representações visuais e o conjunto de imagens e símbolos por um artista ou por uma coletividade.
A representação da vida na Idade Média tinha como tema principal os ofícios e o trabalho, os gauleses da época romana gostavam de representar as cenas de suas vidas de trabalhadores. A temática dos ofícios, na idade média, se ligava também ao tema das estações, assim como o fazia com as idades da vida ou os elementos.
A iconografia tradicional dos 12 meses foi estabelecida no século XII, a representação era feita por mês e seguia a temática dos trabalhadores (os camponeses) e dos nobres. Um exemplo seria janeiro com a festa de Reis que pertencia aos Nobres que eram representados diante uma mesa farta e fevereiro pertencia aos plebeus representados carregando lenha para se aquecerem, conto as imagens sempre são compostas por figuras masculinas e nunca de uma feminina.
Essa iconografia evolui ao longo dos livros de horas até o século XVI. Mas o que é um livro de horas?
Livro de horas é um tipo de manuscrito iluminado comum à Idade Média. Cada livro de horas contém uma coleção de textos, orações e salmos, acompanhado de ilustrações apropriadas, para fazer referência a devoção cristã. Os livros de horas estão entre os manuscritos medievais mais belos e ricamente ilustrados.
As Riquíssimas Horas foram pintadas pelos três irmãos Limbourg — Paul, Hermann e Jean, artistas flamengos contratados pelo duque de Berry por volta de 1405.
A figura feminina é retratada no livro de horas do Duque de Berry  no mês de fevereiro como vemos a seguir:
       Janeiro                             
              Fevereiro
Na imagem de fevereiro já possui três mulheres dentro da casa sentadas em torno do fogo.Em abril já aparece o tema da corte de amor, era a chegada da primavera, a relva está verde e o jovem casal de noivos troca os anéis em primeiro plano, acompanhados de seus familiares e amigos. Como conferimos a seguir:



Em maio a dama já aparece na festa do mês, durante a qual as pessoas deviam vestir-se de verde, com a libré de maio. Os cavaleiros e amazonas são jovens nobres, entre eles avistamos príncipes e princesas. Ao fundo, um castelo que se julga ser o Palais de la Cité, em Paris, ou seja mesmo a mulher nobre já não tem a imagem ociosa retratada.



 
E além da inserção da imagem da mulher, também os senhores donos da terra não são retratados somente desfrutando suas regalias, aparecem junto aos camponeses a fim de fiscalizar o seu trabalho, como se pode ver na imagem do livro de horas do Duque de Berry no mês de agosto:

 
Tem-se então que no decorrer do século XVI a representação da família sofreu modificações, mais frequentemente a família do senhor da terra era retratada entre os camponeses, supervisionando o seu trabalho e participando de seus jogos. O homem não está mais sozinho, o casal não é mais o do imaginário do amor cortês, a mulher e a família participam do trabalho e vivem perto do homem, na sala ou nos campos, contudo a figura da criança ainda não é presente.
O artista da época já sentia a necessidade de apresentar, mesmo que discretamente, a colaboração da família, dos homens e das mulheres da casa, no trabalho cotidiano, com uma preocupação de intimidade até então desconhecida.
A rua é outro locus importante na representação do tema familiar medieval, a rua era o lugar onde se praticavam os ofícios, a vida profissional, as conversas, os espetáculos e os jogos.
O livro de Horas da duquesa de Bourgogne, Maria Adelaide de Savoie, retratava bem esse fato:

Mês de Setembro

A partir do século XVI as crianças começam a aparecer nos calendários, mas elas já apareciam na iconografia do século XVI, particularmente nos Miracles de Notre Dame.
No livro de horas de Adelaide de Savoie, as crianças brincam de bola de neve e atrapalham com a sua bagunça.
 
No livro de horas de Hennessy e de Grimani, na cena do mês de janeiro, a criança aparece na pose do Manneken Pis, urinando pela abertura da porta:

 
Essas representações nos calendários trouxeram então as figuras das mulheres, do grupo de vizinhos e companheiros e também a figura da criança. E a criança se ligava a necessidade até então desconhecida de vida familiar ou “vida em família”.
Entra em cena agora a representação da família juntamente à representação das idades da vida. Havia duas maneiras de se fazer essa representação, uma mais simples era através de uma espécie de pirâmide, a qual os grandes pintores se recusavam a fazer, e a outra era com uma criança, um casal de adolescentes e um velho.
Essa última forma de representação está presente na obra de “As Três idades do Homem” de Ticiano ,1512. 


Nessas composições, as idades da vida eram representadas de forma individualista, como se fosse a previsão da vida de um mesmo indivíduo, contudo ao longo do século XVI surgiu uma nova ideia de representar as idades da vida dentro da hierarquia familiar, o livro “Le Grand Propriétaire de Toutes Choses” traz essa nova imagem.
Nesse mesmo livro são apresentadas as imagens de um casamento e da formação de uma família, desde a concepção do filho até a precoce morte dele. No livro também é apresentada histórias que dão a ideia de sequência da vida e de convívio familiar, nasce então as novas representações da família na Idade Média.

As Famílias da Mídia

1. A Grande Família

  

Seriado brasileiro gravado pela primeira vez em 1972 e foi baseada na série estadunidense “All in the Family”. O remake da série foi feito em 2001 e é exibido até hoje. A narrativa dos episódios se concentra numa família sempre muito unida, que tenta, à sua maneira, sobreviver às dificuldades financeiras e de relacionamento e tudo com uma pegada cômica. Os seus episódios também contemplam críticas socias e as famílias brasileiras se identificam com tal seriado.

  

2. A Família Buscapé



A Família Buscapé ou em seu título original “The Beverly Hillbillies” é uma série de televisão americana sobre uma família do interior que se muda para Beverly Hills, na Califórnia, depois de encontrar petróleo em suas terras. A série foi ao ar no canal no ano de 1962 e encerrou em 1971. A família matuta era ingenua com as coisas da cidade grande e disso era feito o desenrolar do seriado.



3. A Família Addams


  


A série da mórbida família foi ao ar de 1964 a 1966. Tinha uma estrutura de uma família dita normal com pai, mãe, casal de filhos, tio e vovó, além de um mordomo que se assemelhava à figura do monstro criado pelo Dr. Frankenstein.
A séria era atrativa por ser inovadora, não se imaginava antes tal representação de família viva-morta, contudo os dilemas e as histórias da família eram como de uma família viva, isso fazia com as famílias reais também se identificassem com os Addams. O sucesso foi grande e três filmes foram feitos baseados no seriado em 1991, 1993 e 1998, foi feito também um desenho animado com os mesmos personagens.



4. A Família Dinossauro


  
Uma representação peculiar da família, primeiro por não serem humanos e segundo por serem animais pré-históricos, mas a família Dinossauro nos conquistou por contemplarem os problemas dos humanos da atualidade, pois o chefe da família, Dino, era um trabalhador braçal que tinha um chefão linha dura em seu trabalho, a mãe, Fran, tinha os dilemas de uma dona de casa, os filhos mais velhos, Bobby e Charlene, viviam as transformações da adolescência e o bebê, baby, era o caçula mimado e irreverente que conquistou a todos com os seus trejeitos.
A série podia ser considerada como uma paródia da família americana que fazia uma crítica bem humorada ao chamado "american way of life" e uma sátira da sociedade e dos costumes da classe média dos Estados Unidos.
A série foi ao ar de 1991 a 1994, compreendendo 4 temporadas.


5. Os Flintstones


  
Os Flintstones seguiam a mesma fórmula de seriado que tinham como tema a família, se diferenciava, na época, por se passar em tempos pré-históricos.
Inicilamente o desenho animado era direcionado ao público adulto, inclusive seu primeiro patrocinador foi uma fábrica de cigarros e os personagens apareciam fumando ao final de cada episódio. Posteriormente o seriado se direcionou ao publico infantil e jovem, época na qual foram inseridos os personagens das crianças Pedrita, filha de Fred e Wilma, e Bambam, filho adotivo de Betty e Barney.
Foi produzido e exibido de 1960 a 1966, o desenho também deu origem a vários filmes de animação e outros dois filmes com personagens humanos.



7. Os Jetsons


  

Desenho animado produzido pela mesma produtora de “Os Flintstones”, mas com lógica exatamente contrária no quesito cronologico, “Os Jetsons” viviam num tempo futuro onde existiam carros voadores, robôs serviçais e robôs de estimação. Tudo isso aguçava o imaginário dos telespectadores. O desenho com pegada futurista também replicava o cotidiano familiar e seus dilemas de uma forma adaptada para o público infantil.
O desenho foi produzido de 1962 a 1963 e posteriormente de 1984 a 1987.



8. Os Simpsons


  

A família nada politicamente correta conquista justamente por conta disso, a franqueza e o sarcarmo ao tratar de divermos temas, mas também podemos ver várias cenas de carinho e amor entre os entes da família.
A representação de família e sociedade é bem curiosa e interessante na série, o pai, Homer, trabalha em uma usina nuclear  e tem um cargo que demanda atenção e responsabilidade, mas ele só pensa em dormir e comer “donuts”, as famosas rosquinhas, em seu tempo no trabalho, em tempo livre aprecia cerjeva Duff e assistir TV, o filho mais velho, Bart, é peralta, mau aluno e com um certo desvio de caráter, a filha mais velha, Lisa, é a intelectual da família, intelectualidade tal que não sabe-se da onde veio, a filha mais nova, Maggie, é coadjuvante na série, a mãe, Marge é a mais sensata da família, sempre preocupada e compreensiva com os outros da família.
A série é a considerada a de mais sucesso dos últimos tempos, produzida desde 1989 e possui mais de 18 temporadas.
Será que o sucesso da série é devido pela identificação que o público tem com a representação de família que é apresentada em “Os Simpsons”?

"Os pais perante o rendimento escolar" de José Manuel Cervera e José Antonio Alcázar

Deve ser um objetivo fundamental dos pais protagonistas da educação dos filhos que estes consigam desenvolver ao máximo todas as suas capacidades intelectuais: esse seria o verdadeiro êxito escolar do filho.

ÊXITO ESCOLAR = DESENVOLVIMENTO MÁXIMO DAS CAPACIDADES INTELECTUAIS MAIS FORÇA DE VONTADE NO ESTUDO

Também a escola e, portanto, o professor do nosso filho devem ter o mesmo objetivo e então, nas entrevistas com o professor, ainda que o rendimento escolar seja sempre um tema a tratar, analisá-lo-emos no contexto do nosso objetivo fundamental que é a educação integral do nosso filho e não nos limitaremos à visão limitada que suporia preocuparmo-nos apenas com a sua instrução.

A responsabilidade dos estudos recai sobre os pais, os professores e sobre o filho-aluno. É uma responsabilidade partilhada e, portanto, nenhuma das três partes deve permanecer à margem desta tarefa ou ter ópticas diferentes.

Nós, os pais, não podemos esquecer que o protagonista da aprendizagem é o nosso filho, o estudante, e que nunca pode ser sujeito passivo do processo educativo.

Para a aquisição de conhecimentos não basta que os professores expliquem e exijam, é preciso que o aluno realize o trabalho correspondente de aprender, que não é só <<compreender>> mas analisar, completar ou ampliar, memorizar, etc. Como costumamos dizer:

QUE O ALUNO ESTUDE

O estudo é o instrumento necessário para a educação intelectual que inclui:
- Aprender a pensar; - Adquirir a capacidade de discernimento para chegar a ser uma pessoa que saiba escolher; - Obter a cultura que, se é autêntica, é uma forma de viver, etc.

O estudo infui no desenvolvimento de toda a personalidade, pois partimos da idéia de que:

O ESTUDO É O TRABALHO DO ESTUDANTE

Suponho que a alguns parecerá que esta frase destacada é evidente. Estamos com ela a querer sublinhar que um objetivo básico do estudo é conseguir a educação para o trabalho, que os nossos filhos reconheçam o papel do trabalho nas nossas vidas.
É preciso 'motivar' os filhos para que queiram estudar e conseguir que possam e saibam fazê-lo. Necessitarão:

MOTIVAÇÃO PARA O TRABALHO E TÉCNICAS DE ESTUDO

A motivação para o estudo mais intenso será:

UM BOM AMBIENTE DE TRABALHO E NA NOSSA FAMÍLIA

Quando na família se respira um clima de trabalho bem feito, quando os pais tornam os filhos participantes das suas aspirações profissionais, na medida em que as podem entender, quando o trabalho ocupa um lugar objetivo - nem ociosidade nem <<profissionalite>> - e é aceite numa atitude de serviço, então, e só então, o ambiente familiar é uma motivação grande para os estudos dos filhos.

Os filhos valorizam muitíssimo a laboriosidade dos pais e a sua dedicação à família. O seu exemplo é decisivo para os ajudar a ser bons trabalhadores: é o melhor estímulo para os filhos. Sobretudo no caso dos alunos mais jovens: de nada serve que um pai trabalhe muitas horas fora de casa se, ao chegar, não realiza tarefa alguma em benefício da família, porque "está muito cansado".

Há pais a quem parece que só os preocupa na educação dos filhos que obtenham boas notas, pois reduzem a educação ao êxito escolar, como primeiro passo do futuro êxito social.
Estes pais que se ficam pelo resultado e se esquecem da educação como processo, como é necessária a mudança da pessoa do filho através do tempo, não estão a tratar os filhos como seres livres. Assim, a educação converte-se em treino, pois não se conta com os motivos, convicções e preferências de cada filho.

Para que o estudo seja um trabalho educativo deve pôr em jogo as faculdades pessoais, isto é:
- deve ser livre, realizado intencionalmente;
- assumindo a responsabilidade da própria tarefa.

Depois, para que o estudo seja um trabalho livre e possa servir como meio de educação, deve dar prioridade à pessoa, e não ao resultado objetivo desse trabalho.

Por conseqüência, é preciso indicar aos filhos ou alunos as razões do seu trabalho, sem reduzir o horizonte das tarefas escolares ao cumprimento de uma obrigação penosa que não haveria mais remédio senão fazer enquanto não chega o tempo das férias.

EDUCAR É DESPERTAR NOS ALUNOS:
A SATISFAÇÃO PELA OBRA BEM FEITA, DESENVOLVER A SUA CAPACIDADE PARA TRABALHAREM BEM

Portanto, nós, os pais, sob o ponto de vista educativo, devemos atender prioritariamente, quanto ao estudo dos nossos filhos, ao trabalho e ao esforço que realizam, e só depois ao nível objetivo alcançado: as notas ou classificações escolares.

Uma boa medida será sem dúvida seguir dia a dia, de maneira prudente mas real, os estudos dos filhos, ajudando-os discretamente a manter a exigência de um plano diário de estudo.

Os pais devem evitar as reações desproporcionadas perante <<as notas>>. Dissemos que o importante é o esforço que o filho despendeu, não os resultados alcançados. Uma nota elevada sem esforço não merece um prêmio e, por vezes, uma aprovação pode ser motivo para uma celebração.

Os filhos melhor dotados, os de notas elevadas sem esforço, correm o risco de não ser educados numa virtude tão fundamental como a laboriosidade. De acordo com o orientador escolar, teremos que preparar-lhes um plano pessoal de estudos que fomente os seus hábitos de trabalho.

As classificações escolares devem servir para :

REFLETIR E DIALOGAR COM O NOSSO FILHO E PROCURAR SOLUÇÕES QUE MELHOREM O SEU TRABALHO-ESTUDO

Em conclusão, a exigência dos pais quanto ao rendimento escolar de um filho deverá ser coerente com as capacidades reais desse filho e centrar-se não nos resultados mas no esforço.
Para ajudar os nossos filhos nos seus estudos, temos de assegurar em casa, com as ações adequadas, as condições favoráveis para que trabalhem todos os dias:
- lugar tranqüilo para estudar;
- um ambiente familiar que anime a estudar; - um horário de estudo que se respeita sem interrupções; - o controle severo sobre a televisão, etc.;
mostrando sempre interesse pelo trabalho que realiza o filho.

Condensado do livro: As Relações Pais-Colégio, José Manuel Cervera e José Antonio Alcázar , Editora Rei dos Livros

Fonte: http://www.portaldafamilia.org/artigos/artigo053.shtml

Educação: responsabilidade da família ou da escola? de Fábio Henrique Prado de Toledo

Uma mãe contou-me, certa vez, que se reuniu com o marido, já tarde da noite, para tratar de um problema com o filho: o garoto não obedece. Depois de uns minutos de conversa e, sem nenhuma conclusão, o pai disse: “mas não há muito que se preocupar, faltam apenas dez dias de férias. Com a volta às aulas, quem sabe a escola dá um jeito nele...”.

O problema proposto e a forma com que se buscou a solução nos permitem fazer uma indagação: a quem cabe a responsabilidade pela educação dos filhos, aos pais ou à escola?

O Estatuto da Criança e do Adolescente, muito sabiamente, consagra em seu artigo 19 que toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua família. E digo que é sábia essa norma porque penso que os pais são os principais educadores de seus filhos. E isso é assim porque existe uma relação natural entre paternidade e educação. A paternidade consiste em transmitir a vida a um novo ser. A educação é ajudar a cada filho a crescer como pessoa, o que implica em proporcionar-lhes meios para adquirir e desenvolver as virtudes, tais como a sinceridade, a generosidade, a obediência, dentre muitas outras.

Os filhos nascem e se educam em uma família concreta. A família é uma atmosfera que a pessoa necessita para respirar. Entre seus membros costuma haver laços de afeto incondicionais que fazem um ambiente propício para que a educação se desenvolva. Nesse sentido, é ela essencial para a formação da pessoa. Os valores que se cultuam no lar irão marcar de forma indelével o homem e a mulher da amanhã.

Muito bem, mas se a função primordial na educação cabe aos pais, o que compete à escola? Ou, mais ainda, como essa pode ajudar os pais na educação dos filhos?

É natural que os pais deleguem algumas funções educativas à escola, como  por exemplo, o ensino das várias disciplinas apropriadas a cada faixa etária, mas daí não se pode concluir que possam abandonar essas funções delegadas. Aliás, somente se delega aquilo que é próprio. E em sendo delegada tal atribuição, cabe aos pais acompanhar como está sendo desempenhada.
Um ponto essencial nessa relação entre os pais e a escola é cuidar para que haja coerência entre a educação que se desenvolve no colégio e o que os pais ensinam em casa.

Essa consideração de que os pais ocupam lugar de primazia na educação dos filhos não coloca a escola num segundo plano na função educativa. Pelo contrário, as instituições que reconhecem o papel da família, sem o que a formação que proporcionam não terá eficácia, cuidam de desenvolver também uma educação voltada para os pais. As imensas dificuldades que eles enfrentam em educar os filhos no mundo moderno devem despertar as escolas para que passem a ajudá-los, dando-lhes conhecimentos acerca de como devem atuar na formação dos filhos.

Não há dúvida de que ser pai e mãe hoje implica em ser profissional da educação. Isso significa que têm de se adiantarem aos problemas naturais de cada idade dos filhos. Por exemplo, é muito comum que enfrentem dificuldades em fazer com que as crianças durmam sozinhas nos primeiros anos de vida, assim como são muito freqüentes as crises de rebeldia na adolescência. Diante disso, a escola, como colaboradora da família, deve estar preparada para dar formação aos pais, auxiliando-os com conhecimentos técnicos e com um acompanhamento personalizado nessa difícil tarefa de educar.

Em vários países há instituições de ensino que têm adotado um programa que consiste em manter contatos periódicos entre os pais e os professores. E isso ocorre não apenas quando o filho quebra a vidraça do colégio, mas mesmo que não haja nenhum problema aparente. Trata-se de reconhecer o que há de bom em cada aluno e, a partir disso, traçar um plano pessoal de melhora, com atuações concretas a serem implementadas em casa e na escola. Os resultados têm sido bem interessantes.

Para isso é necessário, porém, que se admita a importância dos pais na educação, e que a escola, colaboradora desses, os ensinem a educar, atuando ambos coerentemente em uma mesma direção.



Fábio Henrique Prado de Toledo é Juiz de Direito em Campinas. Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Articulista do Correio Popular de Campinas e de alguns outros jornais. Casado, é pai de 8 filhos.


Fonte: http://www.portaldafamilia.org/artigos/artigo866.shtml
Publicado no Portal da Família em 25/10/2010