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domingo, 3 de julho de 2011

As imagens da família 2

Este texto trata de uma relação entre uma iconografia profana, do final do século XV, da Idade Média e no inicio do século XVI ao XVIII, na Idade Moderna. A pesquisa tem como finalidade descrever e analisar o desenvolvimento do sentimento de família e como este foi aparecendo e se instaurando na sociedade nestas épocas.

Nesta pesquisa constatou-se que não houve uma distinção severa entre a iconografia profana e a iconografia religiosa medieval. Segundo o autor, o tema dos ofícios foi a principal representação da vida cotidiana na Idade Média. O que fez o autor concluir que durante muito tempo o ofício, e não a família, teve a principal atividade na vida das pessoas. Essas atividades associavam-se ao culto funerário e a concepção erudita do mundo medieval-visto nos calendários das catedrais.

Foi salientado que as representações mais populares do ofício o ligavam ao tema das estações e também ao tema das idades da vida. De acordo com o texto, a iconografia tradicional da Idade Média “dos 12 meses do ano” foi fixada no século XII, encontrada em Saint-Denis, em Paris, em Senlis, em Chartres, em Amiens, em Reims: os trabalhos e os dias. Essa iconografia possibilitou que se percebessem as representações dos trabalhos da terra, as pausas do inverno e da primavera, tanto nas representações dos trabalhos dos camponeses como dos nobres.

Então, essa iconografia evoluiu, pois passou a representar a família, “ao longo dos livros de horas até o século XVI “. Segundo o autor, quanto mais se avança no tempo durante o século XVI, mais frequentemente a família do senhor de terra é representada entre os camponeses. E, ao mesmo tempo, a rua também surge nos calendários. O autor, nesse sentido faz, durante o texto, uma relação das representações da família (casa) e da rua. 

A partir do século XVI, começaram a aparecer representações de meses e de anos com uma modificação, pois foi acrescentado mulheres, grupo de vizinhos e principalmente os companheiros e as crianças. Esta modificação já representava a idade Moderna, o autor afirma que “ao longo do século XVI, a iconografia dos meses se tornaria uma iconografia da família”.  Portanto, surgiu uma nova idéia que simbolizou a duração da vida através da hierarquia familiar. As “idades da vida” passaram a ser representadas dentro de uma família. Foi quando as representações de momentos e datas familiares, por exemplo, casamento, nascimento etc. foram para os calendários, cada mês representava uma atividade relacionada à família: agosto- era o mês da colheita; outubro- a refeição em família; novembro- o pai está velho e doente; dezembro- a morte do pai- nesse calendário da segunda metade do século XVI, no museu Saint-Raimond, em Toulouse. Portanto, esse calendário citado pelo autor demonstrou um sentimento novo que surgia: o sentimento de família.

Resumindo, o tema da família, na iconografia dos meses, não foi uma exceção. Toda a iconografia sofreu uma evolução nos séculos XVI e XVII. Disposição que deslocou a iconografia da Idade Média, basicamente ao ar livre, para a representação da família em sua intimidade, no interior, na vida privada. 

Pode-se concluir que por meio da iconografia verificou-se o surgimento de um sentimento novo, o sentimento de família. Esse sentimento foi sustentado e reforçado não apenas bíblicas, mas por influências semíticas e romanas. Caracterizado em seu nascimento, por estar ligado à religiosidade leiga e ligado ao sentimento da infância, se afastando cada vez mais do caráter de honra, reputação e ambição ligados ao sentimento de linhagem medieval.

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